É certo que muitas mulheres, assim como muitos homens antenados, já sofreram algum tipo de preconceito
em relação à moda. Seja pom simples descaso, deboche ou até coisas mais
pesadas, em algum momento alguém que valoriza a moda já foi crucificado
como fútil ou superficial. Isso é fato!!!
A moda pode dizer mais sobre
alguém do que suas próprias palavras; ela comunica antes mesmo da fala.
Não é "se realizar através do consumo", mas deixar marcas e contar
história.
O texto abaixo é da Fernanda Miranda e a leitura dele é indispensável. Ele fala com clareza o que realmente é moda.
O QUE É A MODA?
"Há muito
preconceito em relação à moda, em parte porque tem um caráter efêmero
(muda sempre, e seu meio é a roupa) e porque ela tem a ver com a
aparência, supostamente privilegiando o superficial . Muitas vezes, a
moda também é vista como algo feito para iludir, disfarçar ser alguém
que, na verdade não se é.
Quem a critica
dessa forma certamente desconhece as implicações sociológicas e
psicológicas da moda: coisas simples como sentir-se bem ao usar
determinada roupa, vulnerável vestindo outra.
Porém a moda já deixou de ser sinônimo de futilidade e improvisação há muito tempo.
Então, o que é moda?
A palavra “moda”
vem do latim modus, significa “modo”, “maneira”. É um sistema que
acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no
dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico.
Pense no jeito em
que as pessoas se vestiam nos anos 50 e depois nos 70. Essas mudanças é
que são a moda. Ao retratar essas transformações, a moda reflete a
sociedade à sua volta, sendo possível entender um grupo, um país,
naquele período pela moda então praticada.
Um bom exemplo disso ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial
(1914-8), quando a mulher assumiu novos papéis (enquanto os homens
lutavam nas trincheiras, as mulheres trabalhavam nas indústrias bélicas
como empregadas). Suas roupas tiveram que ficar mais práticas; as saias
foram cortadas, e aparece um novo comprimento, até a canela. Com as
privações causadas pela guerra, surgiram novos materiais, inclusive o
uso de tecidos poucos nobres.
A moda sempre andou em paralelo com a história e, desde seu
aparecimento, a moda trazia em si um conceito estratificador. Apenas no
final da Idade Média surgiu como conceito. Com o desenvolvimento das
cidades e a aproximação das pessoas na área urbana, houve o desejo de
imitar: os burgueses copiavam os tecidos, o jeito de se vestir e se
portar da nobreza, que não ficou nem um pouco contente em se parecer com
esses plebeus endinheirados (devido o comércio). Começaram então a
criar códigos internos de vestir que mudavam rapidamente, antes que a
burguesia tivesse tempo de copiá-los. Nesse período também foi criado as
regras de etiqueta, com objetivo de diferenciar as origens. A nobreza
então caiu, os burgueses tornaram-se os donos do mundo, e a moda
“pegou”.
Aos poucos, a evolução do vestuário foi acontecendo... atualmente
tratar de moda implica lidar com elementos os mais complexos,
especialmente quando combinados. Tangemos valores como imagem,
auto-estima, estética, padrões de beleza, inovações tecnológicas ( como
os tecidos inteligentes: lidam com troca de calor, mantendo o corpo
quente no frio e vive-versa, ou evitam até a criação de bactérias), top
models, moda de rua, tribos, criatividade, talento, enfim... nada é
eterno na moda. Talvez seja isso que a deixa tão fascinante.
Segundo o filósofo Manuel Fontán de Junco, "conseguiu estabelecer
uma ponte entre a beleza e a vida. A moda é uma arte que se usa, que se
leva para a rua; é uma arte de consumo a que todos têm acesso". E é
fundamentalmente uma arte humana. Uma arte feita por e para o homem."
Fernanda Miranda
Até mais...
"Também se chamavam sonhos. E sonhos não envelhecem."
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